A ARTE DE DIZER NÃO
São cada vez mais frequentes os casos infelizes que envolvem crianças e adolescentes. Sequestro, drogas, alcoolismo, violência, sexo irresponsável, consumo desenfreado. Comenta-se: onde estavam os pais? O que deixaram de fazer? Prefiro dizer: porque nossa sociedade está tão fragilizada? É simples: sacrificamos nossos valores éticos em função de nossa fraqueza emocional. Somos inseguros, não sabemos com clareza quem e como somos, nossos valores pessoais, e isso reflete em não sabermos o que queremos para nossos filhos. Rezamos pela cartilha social – boa escola, atividades extracurriculares, bens de consumo; isso pode, isso não pode. Mas sem consistência, porque tememos a rejeição dos filhos e do grupo social. Egoístas e vaidosos, preferimos ser “legais", isto é, permissivos, sob a desculpa de que criança contrariada fica traumatizada. Disfarçamos nosso sentimento de culpa sob a aura de vítimas por trabalharmos o dia todo, até mais do que seria necessário, em nome do conforto e um futuro melhor, e esquecemos do presente, que é o realmente conta. Jogamos às costas de nossas crianças e jovens decisões impossíveis de serem tomadas, exatamente por seus valores éticos e morais ainda estarem em formação, baseados no exemplo de nossos valores. Brincamos com sua auto-estima, exigindo-lhes atitudes incoerentes comsu a maturidade. O verdadeiro amor é muito mais do que a banalidade de satisfazer uma vontade, de “se matar para dar o melhor”. Ele dá segurança, orientação, aconchego e compreensão, com dignidade e firmeza, porque a vida é feita de desafios e limitações e só assim ele treina adultos responsáveis. Quando se diz "não" a um filho, é importante deixar claro que tal atitude se refere ao fato e não à sua pessoa ou ao seu valor como ser humano. Para isso, é fundamental saber-se o porquê da negativa, assim como confiança em si próprio e muita determinação e coragem para bancar o que foi estabelecido. Dizer “não” a uma criança ou jovem é como remover um esparadrapo: dói menos se for tirado rápido e com firmeza. Depois então, atrair sua atenção para outro fato. Assim: André e sua mãe, grávida e cansada, passeiam no parque. Ele pede colo. Ela diz:- “André, mamãe está muito cansada para carregá-lo, mas vai segurar sua mão enquanto caminhamos, assim você poderá tocar as flores do jardim.” O limite foi colocado sem o peso do “não”. A mãe valorizou-se – sabe o que quer – e ao seu filho, fazendo o melhor para ele. Isto é orientar e respeitar, formar cidadãos lúcidos e responsáveis. Com muita coragem e sinceridade, analise-se, reveja seus valores e comportamentos, qual tem sido o seu resultado. Então, inicie a nova caminhada em direção a relacionamentos harmônicos e felizes, não só com seus filhos mas em todos os aspectos de sua vida.
por Eda Cecíllia Marini - edacm@terra.com.br
por Eda Cecíllia Marini - edacm@terra.com.br
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